De acordo com o Inca, Instituto Nacional do Câncer, em 2020, no Brasil, foram mais de 600 mil novos casos de câncer. Desses, destacam-se com maior número o câncer de mama nas mulheres e o câncer de próstata nos homens. Nesse contexto, a nutrição em oncologia é uma estratégia importante na recuperação e tratamento.
A alimentação é uma ferramenta que ajuda, sobretudo, a fortalecer a saúde desse paciente, tão fragilizado nesse momento. Dessa forma, ele consegue enfrentar os efeitos colaterais do próprio tratamento, que pode ser agressivo para o organismo. A nutrição é uma aliada das intervenções tradicionais, como a radioterapia ou, então, a quimioterapia.
Aumento nos casos de câncer
De 2010 para 2020, houve um aumento de 28% nos casos de câncer no Brasil. Na publicação Estimativa 2020 – Incidência de Câncer no Brasil, o Inca avalia que o Brasil terá 625 mil novos casos de câncer a cada ano do triênio 2020-2022.
É um número muito alto. Ainda mais quando pensamos na mortalidade da doença. Em 2020, perdemos mais de 230 mil pessoas para o câncer. Mais de 230 mil sonhos e histórias interrompidas.
Sendo assim, ao falar de nutrição em oncologia não estamos apenas nos referindo a um tratamento mais tranquilo. Estamos falando também de prevenção e manutenção da vida.
A situação fica ainda mais complicada com o início da pandemia de Covid-19. Em julho de 2021, aconteceu a a Comissão Especial de Combate ao Câncer no Brasil, criada pela Câmara dos Deputados. No Dia do Homem, o evento discutiu com especialistas os tipos mais comuns de câncer masculino, as formas de tratamento, o que pode ser feito para combatê-los, e, principalmente, as dificuldades da realidade brasileira.
Os especialistas explicam que houve uma queda de 22% nas cirurgias de câncer desde o começo da pandemia. As pessoas estão indo menos aos hospitais, logo, correm o risco de descobrir mais tarde a doença. O problema é que quanto mais cedo detectamos o câncer, maiores são as chances do tratamento ser bem sucedido.
Os presentes no evento alertam para uma possível epidemia de casos avançados no câncer, assim que a pandemia cessar. Vale ressaltar que, atualmente, o câncer é a segunda maior causa de mortes no mundo. No entanto, até 2030, pode se tornar a primeira.
Principais fatores de risco
Ainda na publicação Estimativa 2020 – Incidência de Câncer no Brasil, a obesidade é apontada como um importante fator de risco. A doença está relacionada ao desenvolvimento de 11 dos 19 tipos mais frequentes de câncer na população brasileira.
Outros comportamentos considerados não saudáveis também aumentam o risco de 10 tipos da doença. Podemos citar, por exemplo, o cigarro, bebidas alcoólicas, sedentarismo e uma dieta pobre em vegetais.
Novamente, temos a nutrição em oncologia desempenhando papel fundamental, já que a alimentação saudável é considerada uma proteção contra o câncer. Da mesma maneira, a nutrição adequada é fundamental no desfecho terapêutico e na qualidade de vida dos pacientes oncológicos após a descoberta da doença.
Paciente oncológico e nutricionista
O câncer e seus tratamentos podem afetar o paladar, o olfato, o apetite e a capacidade do paciente de se alimentar ou absorver os nutrientes dos alimentos. De tal forma que alguns pacientes chegam, inclusive, a ficarem desnutridos. Dependendo do tipo de câncer, esse paciente pode apresentam sintomas como:
- Perda de apetite;
- Náuseas e vômitos;
- Boca seca ou saliva espessa;
- Problemas nas gengivas;
- Alteração do paladar;
- Problemas na mastigação e deglutição;
- Obstrução intestinal;
- Colite.
A perda de peso e a desnutrição são observadas em 40% a 80% dos casos de pacientes com câncer. Sendo que até 30% dos pacientes adultos apresentam perda superior a 10% do peso corporal.
Quando o paciente é idoso, a nutrição em oncologia ganha ainda mais destaque. Isso porque esse paciente tem necessidades diferenciadas e, em razão das próprias alterações da idade, tem um agravante à doença oncológica pré-existente. Para ilustrar essa situação, em 2015, o Inquérito Luso-brasileiro de Nutrição Oncológica do Idoso, avaliou o estado nutricional de idosos com câncer. Foi identificado que 73% dos idosos avaliados apresentavam desnutrição ou risco nutricional.
O nutricionista entra, então, para amenizar os sintomas, organizar a alimentação, fazer a suplementação adequada e, assim, reduzir esses riscos. Mas podemos ainda ir além…
Fases da assistência nutricional
As orientações e intervenções são sempre individuais. No entanto, no geral, a assistência nutricional pode ser dividida em três etapas:
- Avaliação nutricional: processo em que se avalia as alterações no estado nutricional. Momento em que são feitos questionários sobre aspectos alimentares, físicos, de saúde e bem-estar, assim como a antropometria;
- Intervenção: aqui o nutricionista vai desenvolver um plano de cuidados para o paciente. Este plano é adequado ao câncer, tipo de tratamento e situação clínica do paciente;
- Monitoramento: o nutricionista reavalia esse paciente e sua adesão ao plano. Então, mantém ou ajusta suas orientações.
Terapia nutricional especializada
Alguns dos pacientes oncológicos podem ser internados em unidades de terapia intensiva (UTI). Nesses casos, são considerados pacientes críticos e precisam de terapia nutricional especializada.
De acordo com o Consenso Nacional de Nutrição Oncológica, a terapia nutricional para o paciente crítico tem como objetivo manter a homeostase, melhorar o estresse metabólico e oxidativo, diminuir as complicações, o tempo de internação e a mortalidade. Assim, o nutricionista faz parte da equipe multidisciplinar que atua no tratamento desses pacientes.
Prazer em comer
Temos que lembrar também que a alimentação não é só sobre nutrientes. É cultura, afeto e socialização. Para o paciente oncológico, conseguir retomar o prazer em comer é essencial para o tratamento. Não só pelo aspecto físico, mas, igualmente, pelo aspecto emocional.
Nutricionista, não deixe de se atualizar
Com o número dos casos de câncer crescendo, o nutricionista torna-se peça essencial. Por isso, é importante que os profissionais se atualizem e conheçam mais da nutrição em oncologia. Afinal, a busca pro nutricionistas nessa área tende a crescer e quanto mais aprofundados forem os conhecimentos do nutricionista, mais ele poderá ajudar seu paciente.
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